domingo, 12 de abril de 2009

Advocacia Pública e empresas terceirizadas

A Advocacia Pública atua incisivamente na tormentosa questão da terceirização da mão de obra nas esferas públicas federal, estadual e municipal. O tema das empresas terceirizadas foi levantado pelo jornal Folha de São Paulo, no dia 11 d abril, na matéria logo abaixo transcrita.

O TST fechou posição, por meio da Súmula 331, no sentido de que a Administração Pública, quando tomadora de serviços, é responsável subsidiária pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas do empregador. Ressalte-se que essa posição é totalmente contrária ao previsto no artigo 71, § 1º, da Lei Federal nº 8.666/93 (lei de licitações), que isenta a Administração Pública da referida responsabilidade.

Nesse tema a Advocacia Pública exerce papel relevante na defesa do dinheiro do contribuinte!

Preventivamente, a Advocacia Pública vai zelar pela legalidade e moralidade dos procedimentos licitatórios para a contratação das empresas, evitando-se os golpes mencionados na matéria da Folha de Sâo Paulo.

Em outra frente, a Advocacia Pública vai atuar no contencioso oriundo da referida responsabilidade subsidiária, exigindo judicialmente a isenção de responsabilidade prevista no artigo 71, § 1º, da lei de licitações.

Nesse ponto, inclusive, ressalte-se que o Governo do Distrito Federal, por meio da respectiva Procuradoria Geral, ingressou com Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 16 requerendo o reconhecimento e a declaração de que o citado dispositivo da lei de litações é válido segundo a ordem constitucional, afastando-se o previsto na Súmula 331 do TST (www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADCN&s1=16&processo=16).

O interesse dos entes federativos no tema é tão grande que, por meio dos respectivos órgãos da Advocacia Pública, vários Municípios e Estados, além da União, já pediram o ingresso no feito como amicus curiae.

Demonstra-se assim, mais uma vez, que a Advocacia Pública desempenha uma função primordial na defesa do interesse público, evitando que os Municípios, os Estados e a União sejam alvo do golpe de terceirizadas, tal como mencionado na matéria abaixo do jornal Folha de São Paulo.



"Governo é alvo de golpe de terceirizadas

Empresas de fachada quebram ou desaparecem e deixam a conta para a União, que é ré em cerca de 10 mil ações trabalhistas.

CGU aponta indícios de licitação com cartas marcadas e casos de empresas concorrentes com o mesmo endereço.

ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O bilionário mercado de terceirização de mão de obra do governo federal tornou-se alvo de golpes, que seguem uma mecânica padronizada e têm desfecho quase sempre igual. Oferecendo serviços a preços aquém da realidade, empresas muitas vezes de fachada vencem os pregões, cumprem parte do contrato e depois quebram ou simplesmente desaparecem, deixando para a União a fatura das dívidas trabalhistas. A consequência é que o governo é hoje réu em cerca de 10 mil ações de cobrança dessas dívidas, movidas por trabalhadores, sindicatos e pelo Ministério Público do Trabalho, segundo dados da Procuradoria Geral da União. Ou seja, o governo paga a conta duas vezes: depois de arcar com parte dos contratos, tem que assumir salários atrasados e outros encargos.Apenas com os contratos, foram pagos R$ 2,1 bilhões em 2008.

Mas não há dados de gastos com indenizações judiciais desse tipo. O governo batalha na Justiça caso a caso, mas a derrota é apenas uma questão de tempo -o Tribunal Superior do Trabalho tem posição firmada de que o Estado é responsável pelas dívidas deixadas pelas empresas que contrata.O problema é tão grave que obrigou a CGU (Controladoria Geral da União) a criar um grupo só para seguir os passos dessas empresas, fornecedoras de faxineiros, copeiros, garçons, cozinheiros, ascensoristas, motoristas e jornalistas. Em poucos meses, a equipe do chamado Observatório da Despesa Pública levantou fortes indícios de licitações de cartas marcadas, empresas em nome de laranjas, formação de cartel e outros crimes com o objetivo de simular uma concorrência que não existe e dificultar a localização dos responsáveis pelas fraudes. "Identificamos um grupo de empresas fraudando licitações em conluio. Não é coisa isolada", diz Jorge Hage, ministro da CGU.

Analisando os pregões eletrônicos, a equipe descobriu, por exemplo, que 52 licitações realizadas desde 2007 tiveram a participação de ao menos duas empresas com sócios em comum. Trata-se de um forte indício de que houve concorrência simulada. Ou seja, uma das empresas entrou para ganhar, e a outra, para perder.

Mesmo endereço

Os técnicos também encontraram oito casos de empresas concorrentes que funcionam num mesmo endereço. São evidências de fraude que passaram despercebidas pelo frouxo controle dos pregões -embora não haja nesses casos indícios de envolvimento do pregoeiro. A CGU investiga neste momento os casos da ZL Ambiental e da Higiterc, ambas de Belo Horizonte e pertencentes a um mesmo grupo.
A suspeita é que a ZL, após sucessivos calotes, vem sendo deliberadamente descapitalizada, e suas atividades, aos poucos transferidas para a Higiterc. As duas empresas tiveram nos últimos anos ao menos três sócios em comum e já participaram simultaneamente de 49 licitações. A ZL já levou R$ 109 milhões do governo. Teve 37 contratos, em 2007, e agora, só 15. Foi declarada inidônea pelo Senado, suspensa pelo BC e hoje é uma empresa em estágio terminal.A Higiterc apresenta curva contrária. Em dezembro de 2007 (auge da ZL), era dona de dois contratos. Agora, tem nove. Um detalhe chama a atenção e aumenta os laços entre as duas empresas: um de seus ex-proprietários, Sérgio Lye de Araújo, ingressou na sociedade em 22 de agosto de 2006, um dia depois de se desligar da ZL. A Folha não localizou representantes das empresas.

Em Brasília, são raros os órgãos que não sofreram calotes das terceirizadas. Em 2007, a Eletronorte foi obrigada a rescindir o contrato com a Recris Empreendimentos e Serviços, do ramo de limpeza, porque esta deixou de pagar salários, além de vales-transportes e alimentação a seus funcionários, previstos nos contratos. Parte dos R$ 826 mil do contrato já havia sido paga.A Procuradoria Geral da República fez o mesmo com a Kuatro Serviço, também de limpeza. A Kuatro foi então substituída pela Ícone, que deu novo calote. As empresas não foram encontradas pela Folha.Um dos maiores especialistas no assunto, o procurador do Trabalho Adélio Justino Lucas, diz que o governo precisa melhorar o controle nos pregões, para evitar as chamadas propostas inexequíveis. "O governo não pode fingir que não é com ele. Hoje, o leiloeiro só está preocupado com o menor preço. E o controle?""

Fonte: Folha de São Paulo de 11 de abril de 2009.

Um comentário:

Anônimo disse...

A solução p/resolver é facil, somente controlar os preços das propostas inexequível, pois empresas colocam na planilhas preços de 1 centavo para vale transporte, uniformes,alimentação e somente é exigido encargos e impostos obrigatório.Fatalmente o contrato não poderá ser cumprido, enquanto isto empresas sérias no mercado estão falindo por não praticar estes preços.só não vê quem não quer(analise planilhas dos vencedores das concorrencias), aí falam que o governo depois do pregão economizou milhões( mas paga 2 vezes).